Me desculpe o KISS, que supostamente anuncia seu show como o maior espetáculo da terra. Se tem uma apresentação que merece a classificação de maior e melhor talvez essa seja o The Wall de Roger Waters.
Com toneladas de equipamentos, efeitos pirotécnicos, 23 projetores de alta qualidade, um disjuntor de 3 mil amperes e um muro de 141 metros como telão, esse concerto é sem dúvida o melhor show que já assisti. Nem sou dos maiores fãs de Pink Floyd, mas essa apresentação transcende qualquer limite de gosto, pois estou certo que mesmo quem nunca ouviu falar da banda, ficaria fascinado com a apresentação que se deu no domingo 01/04 e se repetiu na terça dia 03/04.
O Contexto:
O pano de fundo a maioria já conhece: um dos mais emblemáticos álbuns da história do Rock foi lançado em 1979 pelo Pink Floyd, o famoso The Wall. No ano de 1980 seguiu-se uma impressionante turnê com cerca de 30 apresentações, apenas nos EUA, Reino Unido e Alemanha. Depois dessa tour a banda se fragmentou e Roger Waters (principal compositor e baixista) saiu fora.
A banda terminou mas a tour emblemática ficou no imaginário coletivo do Rock como uma das mais sensacionais já vista. Em 1990, para comemorar a queda do Muro de Berlim e a reunificação
da Alemanha, Roger Waters voltou a executar a turnê no exato local da queda do muro. Trouxe convidados como Scorpions e Cindy Lauper e surpreendeu o mundo com uma produção gigante em um única apresentação.
Agora vinte anos depois desta última apresentação, The Wall Live está de volta para encerrar a carreira de Roger Waters. Segundo o músico depois dessa, ele vai pendurar as chuteiras. E para fechar com chave de ouro trouxe uma produção ainda maior, contando com tudo que há de melhor em aúdio e vídeo, com um custo de 60 milhões de doletas para quase 200 apresentações em todo o mundo, sendo que a tour está na estrada desde 2010. Finalmente nesse ano chegou ao Brasil que recebeu 4 shows.
O Show:
Para mim foi uma experiência nova. Primeira vez que vejo um concerto em estádio na arquibancada. E nada melhor que o Morumbi para isso. O medo era somente de pegar chuva. Por isso fui previnido com minha capinha da 25 de março huahuahauhauhaua. Assistir de arquibancada é outro esquema: lugar para sentar, vendedores de cerveja passando direto, bem mais tranquilo do que a pista.
Dava para ir ao banheiro e retornar (desde que alguém cuidasse do lugar para você). Único problema da arquibancada é mesmo a distância, detalhe essencial para quem é fã de carteirinha. Mas como sabia do potencial do show, preferi ver de longe para "apreciar" melhor os efeitos que estariam por vir. Um binóculo também quebrou um galhão!
Eu e a moçada de Maringá e Curitiba nos alojamos no mais alto ponto do estádio. Arquibancada Azul. a quantidade de caixas e torres de iluminação e projetores prejudicou um pouco a visão de quem, como nós, ficou "de lado" para ver o show. Existia no palco um telão central e redondo, logo acima da banda. Isso era exclusividade para quem estava vendo da pista ou da arquibancada laranja (mais ao fundo, mas em linha reta).
A primeira impressão que se tem ao ver o palco é : PUTA QUE PARIU! O famoso muro estava parcialmente erguido, e os instrumentos em palco já montados. Para nossa sorte não houve banda de abertura e a chuva não apareceu. Com certa de 12 minutos de atraso, começou a introdução de In The Flesh? e Roger Waters deu as caras. Só o início do show já é muito fudido. Veja no clipe da semana do que estou falando (clique aqui)!
Durante a primeira música Roger saudou o público e colocou seu sobretudo de couro e seus óculos Stallone Cobra. Em dado momento da música ele pede que sejam ligadas as luzes, e vários holofotes são lançados sobre o público. Então ele pede que sejam ligados os efeitos sonoros... e ação! O estádio que fica parecendo um Home Theater gigante devido a grande quantidade de caixas espalhadas, é invadido pelo som de uma revoada de aviões bombardeiros. Efeitos especiais simulam que um dos aviões está vindo de encontro ao palco, e quando menos se espera um avião da segunda guerra mundial desce por um cabo de aço, sobrevoando o público e atinge parte do The Wall seguindo uma explosão! ISSO FOI SÓ A PRIMEIRA MÚSICA!
Deu para curtir o momento, pois estávamos localizados logo abaixo do local de onde saía o avião.
Em certos momentos do show, o som de fundo de helicópteros eram surpreendentemente reais, tinha até neguinho que olhava para cima pensando ser um helicóptero real que se aproximava.
No mais, tentei formular uma resenha digna do show sensacional que foi, mas ao me deparar com o review do grande Jamari França, vi que ele fez isso melhor que ninguém, muito embora seja um review sobre o show em si, não especificamente do show de São Paulo. Vale a pena muito ler, pois ele traz inclusive elementos do filme The Wall.
Alguns itens do show são específicos para cada país, como por exemplo o porco inflável que trazia os dizeres "O Novo código florestal vai matar o Brasil". Devido ao vento forte no momento o porco desceu sobre o público. Não precisa nem dizer que no meio do povão o porco virou torresmo. Depois que esvaziou a polícia ainda conseguiu reaver o que sobrou do balão. Como o Robson disse, muita gente tirou um bacon kakakakakaka.
Um dos momentos mais emocionantes do show foi no momento em que Roger Waters dedicou o concerto ao brasileiro Jean Charles de Menezes, assassinado em 2005 pela polícia inglesa dentro do metrô de Londres. Ele falou em português meio arranhado: "Gostaria de dedicar esse show à Jean Charles e sua família. E também a todos que foram vítimas de terrorismo do Estado! "
Incrível! Quem conseguiu ver não vai esquecer. E quem não viu talvez não tenha uma nova chance, pois ao que parece Roger Waters vai se aposentar depois dessa mega turnê.
ARTIGO DE JAMARI FRANÇA (Clique aqui)
CDX
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